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Homo sapiens vs canis familiaris- A batalha

por A Mona Lisa tinha Gases, em 20.03.08

Cá estou eu, a partir de internet emprestada! A placa ainda está na "clínica"...

Já ando para falar disto há uns tempos e hoje, depois de passar pelo blog do Jota,  lá me decidi.

Se bem se lembram, tenho um Staffordshire Terrier Americano, que é este aqui:

 

 

Pois bem, está para ser aprovada uma lei que me obrigará a castrar o meu cão no espaço de dois meses após entrar em vigor, por pertencer à tal lista de sete cães potencialmente perigosos.

E realmente, o meu cão é um perigo do caraças! Senão vejam: no ano passado, a festa de passagem de ano foi em casa de uns amigos, em Castelo Branco. Levámos o Shiva, na altura com cerca de um ano. A princípio mantive-o preso com a trela, sem saber muito bem o que fazer. Acontece que o dono da casa é um amante de cães e lá me convenceu a experimentar soltá-lo. E sabem o que é que ele fez? Passou a noite inteira feliz da vida, a distribuir mimos e lambidelas por todos os presentes.

Um pouco antes disso, nas férias do Verão, também o levámos connosco. Fomos para uma quinta no Algarve e a dona da quinta, que também adorava cães fez questão de ficar alguns dias com ele, solto pelo terreno, enquanto estávamos na praia. No último dia queríamos ir ao ZooMarine e a senhora mais uma vez ficou com o Shiva. Só que nesse dia estava lá o neto dela, uma criança com cerca de 5 ou 6 anos. Qual a minha surpresa quando o Shiva, normalmente bruto como tudo nas suas brincadeiras(sim, 25 quilos de peso e uma energia inesgotável dão nisto.) se aproxima do miúdo e com cuidado lhe dá umas lambidelas no nariz e nas mãos e começa a brincar com ele como se tivesse noção de que tinha que adaptar o estilo de brincadeira.

Como podem ver, o meu cão é uma criatura feroz e perigosa! 

É claro como água, ou pelo menos devia ser, que não são os cães todos da lista que são perigosos. São alguns exemplares que já têm predisposição genética para isso ou que são ensinados a comportar-se de determinada maneira. E nem sequer são apenas aqueles cães os potencialmente perigosos. São muito mais possantes que um Golden Retrevier, claro, e mandam facilmente alguém ao chão mas isso não significa que sejam máquinas de matar. O único cão que alguma vez me tentou morder foi o caniche da minha sogra...

O que acho que deveria fazer-se para evitar os ataques que têm sucedido? Parece-me que não podemos avaliar os cães pela raça mas avaliações individuais de carácter já me faziam algum sentido. Mas o grande ênfase devia ser posto nos donos. Devia-se avaliar até que ponto é que os detentores dos cães têm capacidade de os alojar em locais que assegurem a sua retenção, que impeçam fugas e já agora, uma avaliaçãozita psicológica também não ficava nada mal. Doidos não podem ter cães destes, boa? Não é para quem quer, é para quem sabe!

Porque há que ter noção disto: a dosmesticação do cão terá ocorrido há aproximadamente 14 000 anos. Desde essa altura que a espécie se habituou ao contacto com os seres humanos. Os animais que chegaram até aos nossos dias aprendem por repetição e pelos hábitos que lhe são incutidos. Se viver rodeado de violência repete essa mesma violência. Se, por outro lado, viver num ambiente pacífico, saudável, há-de ter também essas características comportamentais.

Agora, por causa de uns otários que não têm cuidado e deixam os cães fugir e devido a uns animais(estes sim) que os utilizam para roubos ou lutas, tenho de castrar o meu menino?

 

Como em tudo, quando há questões que dividem a sociedade aparecem sempre uns quantos imbecis desinformados e ignorantes que extremam opiniões(já assim foi com a questão do tabaco). Nunca achei a menor piada a extremismos... Esta lei, se passar, vai levar ao extermínio controlado de sete raças. Se isto não é de extremos... Houve um gajo que uma dia se lembrou de fazer isso com  pessoas. Adolfo qualquer coisa. 

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publicado às 23:04

A revolta dos caniches

por A Mona Lisa tinha Gases, em 24.08.07

Não vou falar de caniches. Vou contar um episódio com um cão ligeiramente maior.

Há um ano e meio atrás, o meu namorado começou a azucrinar-me com a ideia de termos um cão. O facto de já termos um gato não parecia ser impedimento para ele. O pior é que o meu namorado não queria um cão qualquer: queria um Staffordshire Terrier Americano.

A minha reacção não podia ter sido pior. Comecei a indagar se ele não seria, na realidade, um delinquente em potência. Porque era assim que eu via os donos desses cães. Já os canídeos, não estaria a exagerar se dissesse que via neles a encarnação do demónio, com aqueles olhos rasgados e bocas enormes, cheias de dentes.

Mas enfim, ele tanto me chateou que eu acedi a, pelo menos, ir ver o bicho. Mal sabia eu que estava a ser atraída para uma armadilha engendrada há muito e que não deixava muito espaço para falhas.

O rapaz que tinha feito a criação morava num oitavo andar e tinha as crias todas na cozinha. O odor era indescritível. Mas assim que vi os bichos, com apenas algumas semanas, a componente odorífera passou para segundo plano. Eram as coisinhas mais queridas que eu já tinha visto, sem qualquer traço daquilo que são em adultos. À traição, o meu namorado pegou num deles e meteu-mo no colo. E claro, o bicho só voltou a sair do meu colo quando o pousei na sua nova cama, já em nossa casa. Claro que ele sabia que, assim que os visse, o meu coração iria amolecer.

O cão já tem agora 14 meses. Sempre foi completamente mimado por toda a gente e nunca teve reacções agressivas. Levou chip, tem seguro e registo e todas essas mariquices.

Só que para o porte que tem, asseguro que brincar com ele não é o mesmo que brincar com um caniche. Teve de ser extremamente bem ensinado, principalmente a morder ossos de cão e não mãos de pessoas, o passatempo preferido dele quando era pequeno. Teve de ser ensinado a não saltar para cima de seres humanos e por aí em diante.

Neste momento, tenho a percepção de que não é um cão perigoso pois foi ensinado a não sê-lo.

Não vou ser hipócrita/demente ao ponto de dizer que nenhum cão é perigoso. Mas o meu não é.

Agora, tenho andado a reparar que, mesmo açaimado, as pessoas olham para ele de lado. Compreensível. Mas há umas noites atrás, fiquei surpreendida.

Duas e vinte da manhã. Insónias e choro de cão. Fomos à rua. Estava uma noite agradável e ficamos encostados ao portão do terreno, só a apreciar uma brisazinha. Aparece um casal ao fundo da rua e aproxima-se, por entre os carros. Eu já os tinha visto, mas o cão só os vê quando eles estão a três metros de nós. Ladra. Não teria sido pior se se tivesse atirado à garganta da rapariga. Deu um grito tão estridente, seguido de um "Oh! Que susto" quando avistou o responsável pelo latido que, por um momento, juro, pensei que trazia um tigre dentes de sabre pela trela.

Até o cão ficou confuso. Ficou a olhar para ela e para mim, como que a perguntar "Falei muito alto, foi?"

A expressão seguinte da rapariga foi o que me indignou mais. Do susto passou à raiva contida. Como se a existência de binómios cão/pessoa como nós, lhe fosse especialmente ofensiva.

E então, por momentos, revi-me nela. Eu já fui assim. Antes de saber como é, eu já tive medos excessivamente aumentados pela notícias na comunicação social e pelo estigma que este tipo de cães carregam.

Mas agora já não. Entendo que nem todos possam ter um cão destes para afastar receios, nem sempre, fundamentados. Agora sei que há dois tipos de pessoas que têm cães destes: os delinquentes e pessoas como eu!!! E que há dois tipos de cães, os que são mal ensinados e o meu! 

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publicado às 22:23


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