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Ai, canso-me!
Canso-me e já não tenho paciência.
Como sabem, ando na saga dos recrutamentos há alguns meses. ME-SES. E estou farta das mesmas respostas formatadas:
«Excesso de habilitações».
«Perfil não se encaixa nas nossas necessidades».
«Falta de experiência para a função».
«O seu teste de personalidade indica-nos que é uma psicopata, o seu nariz é torto e tenho medo que acabe por me roubar o emprego».
Ok, esta última ainda não aconteceu, se bem que seria uma lufada de ar fresco no meio de tanta tanga. Ah, e a minha preferida:
«(Silêncio)».
Porque muito melhor que ser alimentada a tangas é ser alimentada a nada, vazio, radio silence.
A gota de água aconteceu esta semana.
No fim do ano passado fui a uma série de entrevistas para uma função numa daquelas empresas «grandes». Foram 4 entrevistas ao todo, todas elas eliminatórias. E eles iam-me chamando para a seguinte e a minha esperança ia aumentando. O salário era bom (tendo em conta que estamos em Portugal...), as condições eram excelentes, o local de trabalho era aprazível e as pessoas eram amistosas. E as minhas habilitações até não eram exageradas. Na última entrevista, fui elogiada pelos presentes à medida que me ia explicando. Houve sorrisos, uma ou duas gargalhadas, partilha de experiências.
Um dos meus melhores atributos é conseguir adaptar-me aos meus interlocutores. Ponham-me a falar com uma lesma do mar e seremos os melhores amigos ao fim de algumas horas. Saí de lá de peito cheio, a acreditar mesmo que era desta.
E esta semana recebo o e-mail. «Não foste seleccionada. Mas gostamos muito de ti por isso vamos fazer o favor de guardar os teus dados para poderes ficar na ilusão que uma dia, um glorioso dia, vamos desenterrar o teu CV e vamos receber-te de braços abertos porque tu és fixe! Pá!»
Porreiro, não é?
Podia passar os próximos dias a analisar todas as minhas palavras, movimentos e expressões. É uma cena que costumo fazer. Mas not this time. É um exercício inútil, sádico e inconsequente.
Que se lixe! É atirar para trás, esquecer. E pensar que, se calhar, até serviu de alguma coisa. Fui obrigada a passar uns dias de tailleur e saltos altos. E isso só veio reforçar o meu amor pelos meus ténis, o que é sempre meritório. Ninguém sobrevive a um apocalipse zombie de stilettos...
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