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Portugal tem mais um excêntrico. O último concurso do Euromilhões voltou a contemplar o nosso país.
O facto de Portugal ser um dos países mais premiados pelo Euromilhões é sintomático do povo que somos. Ganhamos muitas vezes porque apostamos muito e muito frequentemente. Apesar de o povo português ser um dos mais desmotivados e descrentes da Europa, continuamos a achar que a sorte grande nos vai sorrir mais cedo ou mais tarde.
Não há um português que não queira ser um dos excêntricos do Euromilhões e eu incluo-me no lote.
A oportunidade de fortuna rápida e sem esforço agrada-nos especialmente, principalmente pelo estatuto que vem acoplado a uma quantia como a do primeiro prémio do Euromilhões. Porque ainda somos e seremos um país em que ter (muito) dinheiro tem mais importância do que ter carácter ou qualquer outra virtude de espírito. Somos e seremos o país que bajula e admira os Senhores Doutores, os Senhores Engenheiros, os Senhores Arquitectos, mesmo que depois estes não consigam emprego.
Portugal é um país deslumbrado pelo dinheiro, exibicionista, mais capitalista que as grandes potências. Tratamos mal os nossos pobres porque não os achamos à altura.
Desprezamos a classe média porque achamos que poderia fazer mais e melhor. E curvamo-nos perante as classes altas, os senhores dos Mercedes, os gestores das empresas, mesmo que eles andem durante anos a desviar fundos para engrossar ainda mais a própria bolsa. Nem os nossos ricos estão satisfeitos com o seu nível de riqueza.
Portugal, o país do desenrascanço, valoriza a riqueza sem esforço, mas numa questão esforça-se bastante: Todas as semanas os portugueses acorrem aos postos de venda dos Jogos Santa Casa e jogam. Jogam como se não houvesse amanhã, fazem-no religiosamente. Se esses mesmos portugueses pusessem o mesmo nível de empenho na sua actividade profissional, parece-me que este nosso país poderia ser muito diferente!
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