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Por esta altura já toda a gente ouviu falar dos dois tigres de Bengala que andaram à solta durante mais de cinco horas, na zona entre a Azambuja e o Cartaxo. Também toda a gente sabe que esses tigres pertenciam ao circo Chen e fugiram de um veículo pesado. Mas a história adensa-se. Ao que parece, o pesado avariou e os tripulantes permaneceram lá dentro até de manhã, altura em que se deslocaram ao Cartaxo de modo a ir buscar comida e água para os animais. Quando voltaram, as várias portas da jaula estavam abertas, o que permitiu a fuga de dois dos seis tigres.
Muitos de nós discordam com a utilização de animais no circo, devido às condições em que são mantidos e ao que são obrigados a fazer, num claro esforço anti-instinto selvagem das criaturas. Eu também não sou propriamente a favor.
Mas vamos imaginar o seguinte: os animais foram sedados e recuperados. Mas e se não fossem. Se colocassem a vida de pessoas em perigo? Se atacassem um grupo de miúdos que se dirigiam à escola? Não era nada descabido, deviam estar com fome e faz parte da natureza do caçador que é o tigre.
Se por acaso isto viesse a acontecer ou simplesmente não se revelasse possível sedar os animais para chegar junto deles, o que ia acontecer é que eles seriam abatidos. Não é nada que já não tenhamos visto.
Agora, será que toda a gente também sabe disto? Será que não é óbvio as implicações que poderiam resultar de soltar animais daquele porte?
Quando eu andava na primária, havia uma miúda que falava imenso da gata que tinha. Eu tinha imensa inveja porque os meus pais não me deixavam ter gatos. Um dia, a gata dela teve crias e ela andava toda feliz com isso. Passados alguns dias chegou à escola toda chorosa. Parece que gostava tanto dos gatinhos que, num abraço mais forte a um deles, o sufocou. Morreu...
Os nossos ideais e os nossos amores nunca nos devem impedir de pensar. Pois por vezes, o que estamos a prejudicar é precisamente o objecto da nossa afeição.
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