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Sim, ainda estou por cá...
Em semanas como esta, gostava de dizer que não.
Ontem foi dia de andar de comboio. A carta verde do carrito não chegou em tempo útil e demos por nós com um só carro com permissão para circular em casa. Eu até achava que uma multa por falta de seguro vinha mesmo a calhar mas o hubby não foi na conversa.
Como sempre, calhou-me a mim arranjar transporte alternativo. Porque é mais fácil ir para Lisboa de transportes do que para outro sítio qualquer. Agreed.
Fui então depositada na estação da Póvoa de Santa Iria, sítio estranho e inóspito.
Passo pela dança de perguntar qual o comboio que apanho, qual a linha em que ele passa, a que parte de Lisboa é que vou parar, ao melhor estilo do hillbilly que vai pela primeira vez à cidade grande.
E depois chego à linha e apercebo-me que há uma greve. Bonito. Bela altura para não ter seguro no carro...
Devo dizer que correu bem. Só esperei 20 minutos e outros vinte depois já estava no metro.
À volta para casa foi um pouco mais complexo.
A quantidade de comboios suprimidos que surgiam no painel informativo não auguravam nada de bom.
Mas mesmo assim, 45 minutos de espera, nada de muito mau para um dia que se previa apocalíptico.
E no meio de tudo isto, uma pessoa já perde a conta às greves.
Portanto, foi com surpresa que dei por mim sem espaço para respirar esta manhã, dentro de uma carruagem de metro.
Já andei em muito metro apinhado nesta vida, mas nunca como este. Nem em tarde de jogo para a Champions na Luz! A parte positiva de nem sequer poder alcançar qualquer ponto onde me agarrar é que não era necessário. A massa humana bamboleava ao ritmo do movimento do metro, sem espaço para se desfazer. O homem que estava encostado a mim, felizmente de costas, era para mim quase como um colchão na vertical. Acho mesmo que estávamos deitados um no outro, com a ressalva de que estávamos de pé. E as pessoas continuavam a entrar, apesar de ser evidente que não cabia ali nem mais um fio de cabelo.
É uma coisa que me ultrapassa. Qual é o exercício mental que impele uma pessoa a atirar-se para dentro de uma amálgama de gente e a acreditar que vai caber?
Dentro das carruagens de metro o espaço é infinito? Há algum buraco negro debaixo dos bancos? Será que essa informação está disponível no site do Metro de Lisboa?
São perguntas pertinentes, que ninguém me diga o contrário.
Conclusões no meio de tudo isto:
1 - As greves têm impacto, sim senhor. Nos utilizadores dos serviços, nas pessoas que têm que ir trabalhar, não exactamente nos patrões ou no governo, que são os alvos. Morteiro ao lado.
2 - Onde cabe um português cabem mais dois ou três. Ou cinquenta.
3 - Os dias depois das comunicações ao país do Gaspar são um bocado surreais. Suponho que seja o efeito de uma marretada na cabeça nacional. Qualquer dia, o impacto é tão grande, que desviamos a Terra do eixo. Isso já era coisinha para fazer cair o governo... E daí, talvez não. Qual a importância do alinhamento galáctico face ao rigor orçamental? Coisinha pouca.
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