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"O lamber do Goucha é bom... Ele tem uma língua grande..."
Alexandra Lencastre
Sabem quando várias pessoas tentam passar por uma porta ao mesmo tempo e ficam todas presas na ombreira e nenhuma delas consegue passar?
É o que acontece com os meus pensamentos quando leio isto.
O que provavelmente é uma sorte para todos nós...
Se há coisa com que não vou à bola são Madalenas ofendidas. Passo-me!
A propósito do movimento "Zero Desperdício", as Madalenas cá do burgo já vieram mostrar a sua indignação devido à letra do hino que representa a iniciativa. Porque é humilhante para quem não tem o que comer.
Uma breve passagem pelo site http://www.zerodesperdicio.pt/ elucida-nos sobre o que é aquilo que "eu não aproveito ao almoço e ao jantar".
Senão, vejamos a explicação na homepage:
"O movimento Zero Desperdício está a aproveitar os bens alimentares que antes acabavam no lixo – comida que nunca saiu da cozinha, comida cujo prazo de validade se aproxima do fim, ou comida que não foi exposta nem esteve em contacto com o público – fazendo-os chegar a pessoas que dela necessitam. Ao entrar num estabelecimento com o selo Zero Desperdício, tem a certeza de que todas essas refeições são aproveitadas e encaminhadas para a mesa de alguém."
Portanto, eu se calhar não diria que isto é uma ideia de caridade de direita e não colocava a iniciativa em causa por ter o patrocínio da Presidência da República. E não assumia que esta gente anda atrás do bocadinho de arroz que eu deixei no prato ontem ao almoço.
Se calhar, se eu tivesse fome, não ficava ofendida por uma letra que pode não ser muito clara ou especialmente genial sem antes saber de que se trata. Isso é que poderia ser considerado humilhante...
Se eu tivesse fome, ficava agradecida por tanta gente influente e com tanta visibilidade se ter juntado para, no fundo, levar a outra dimensão, organizar, aquilo que já hoje acontece num ou noutro restaurante. Que se lixe a letra!
Madalenas ofendidas ofendem-me, pá!
Não?
Manhã cinzenta, pouco convidativa a actividades que não incluam dormir.
Sigo atrás de um camião, enorme, vagaroso, que parece que também acabou de se levantar. Os meus bocejos enchem o habitáculo.
À frente, num cruzamento, vejo o camião a desviar-se para a esquerda, para a faixa de rodagem contrária. Muito lentamente, como num sonho.
Não percebo. Finalmente a razão: uma carrinha de caixa fechada havia invadido a faixa do camião, vinda da direita, onde habita um sinal de stop.
Olhar velho e cansado, boina enfiada na cabeça, deparo-me com o Marreta 5.0!
Esta espécie em franco desenvolvimento habita as estradas portuguesas e podemos considerá-la actualmente uma espécie invasora. Destrói todas as outras espécies que encontra e ocupa os seus nichos ecológicos. É uma grave ameaça à biodiversidade da estrada.
Siderada, perante a visão de tão espectacular espécime, permito que ocupe a minha faixa, à minha frente. Marreta 5.0, que entretanto havia parado, arranca vagarosamente, encostado à direita. Demasiado encostado, parece-me. O ar da manhã é rasgado pelo som do metal em sofrimento. Do lado esquerdo da carrinha vêem-se faíscas, um verdadeiro espectáculo de luz proporcionado pelas jantes.
Jackpot!
Não só me deparo com um Marreta 5.0, como me parece que encontrei o Rei deles. É um dia de sorte. Não é frequente encontrarmos um elemento desta espécie tão disposto a revelar-nos tantos dos rituais que a caracterizam.
Mais à frente, no cruzamento seguinte, semáforo com um estridente vermelho. Preparo-me em antecipação. Marreta 5.0 não pára no sinal, pára um pouco mais à frente, bem no meio do cruzamento. O meu coração explode em felicidade. Como é que é possível não haver uma câmara de vídeo por perto quando estas coisas acontecem? Era a minha grande oportunidade de me tornar uma verdadeira documentadora da vida selvagem. A National Geographic seria doida se não me quisesse nos seus quadros!
Por fim, Marreta 5.0 arranca para longe de mim, para novas aventuras fora do meu alcance, longe dos meus olhos bem abertos em espanto.
Por minha parte, estou feliz.
Sinto-me privilegiada por ter tido a oportunidade de observar tão grandiosa manifestação da natureza.
Longa vida ao Marreta 5.0, o rei das estradas portuguesas!
Sobre o sucessivo adiamento da data para os funcionários públicos voltarem a receber subsídios, Sheldon Cooper teria isto a dizer:
Vítor Gaspar é um tipo com piada.
Hoje, na Assembleia da República, disse que ia explicar a questão dos subsídios "muito vagarosamente".
Em oposição à lebre que ele costuma incorporar, portanto...
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