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É oficial: estou morta! Tenho cá para mim que não chego ao fim deste semestre! Não aguento os pés, não aguento as costas, a cabeça! Tenho que fechar para obras!
E já cheguei à conclusão que nunca mais vou para a escola, nos dias em que saio às dez, sem carro! É impressão minha ou todas as pessoas esquisitas saem de casa depois de anoitecer? E juntam-se todas nos transportes públicos! Se bem que, devo dizê-lo, a pessoa mais estranha do dia de hoje, apanhou-me durante o dia e na escola.
Das 2 às 4, tive intervalo para almoço. Perdi-me do resto da turma, ou seja, não fiz grande esforço para os acompanhar e deixei-me ficar num dos bares mais calmos, a almoçar e a beber o meu cafezinho. Já depois do café, aparece-me à frente uma senhora asiática e pergunta se se pode sentar. Partindo do princípio que havia umas vintes mesas, em redor, vazias, achei que a senhora queria conversar. E foi por aí que começou! Tinha vindo para Portugal da Coreia do Sul e parecia muito interessada em aprender a língua e a cultura! Como eu hoje até estava paciente, dei-lhe conversa e até se proporcionou ali um interessante intercâmbio cultural! E depois, ela perguntou-me qual era o meu livro preferido. Achei que não estava exactamente na linha do que falávamos mas lá respondi! Eu devia ter percebido nessa altura. Mas só depois é que lá cheguei. A resposta que a senhora esperava de mim era: a Bíblia! Começa a dizer-me que é missionária e que está em Portugal para sessões particulares ou em grupo de análise de Bíblia. E claro. pergunta-me se estou interessada! Sofri uma tentativa de evangelização! Sinto-me tão violada!
Ela podia ter ido falar com qualquer pobre criatura daquele bar mas escolheu-me logo a mim. Mal ela sabe que nunca fui sequer à catequese porque não queria deixar de ver os desenhos animados nas manhãs de Domingo! Não era negociável. Já naquela altura, entre Deus e os Looney Toons , eu escolhi os Looney Toons ! E está tudo dito!
Tentei respeitosamente explicar-lhe a minha posição face à religião mas se a nossa conversa até ali tinha sido perfeitamente compreensível, eu devo ter começado a falar russo, por instantes, porque a única coisa que ela me dizia era: "Então, quer?"
Porra , desisto!", pensei eu. Lá lhe disse que ia pensar no assunto e que ia espalhar a palavra a todos os meus amigos! Yeah , right ! Eu espalhei, mas foi o ridículo da situação.
Mas ela ficou contente e saiu a dizer qualquer coisa do género que ficava muito satisfeita por eu ir espalhar a palavra do senhor! E se isso a faz feliz, quem sou eu para a corrigir? Ali no meio do bar, por uns instantes, eu fui um apóstolo! Se calhar, aquele das moedas. Como é que ele se chamava?...
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