A MONA LISA TINHA GASES

Esta história de ter uma casa ensina-nos imensa coisa. Ou melhor, alerta-nos sobre a nossa imensa ignorância relativamente a inúmeras questões, como por exemplo... canos.

Tenho uma sanita entupida há quase dois meses.  Sim, hoje vou falar-vos de sanitas, o trono privado.

Como vos dizia, está entupida há quase dois meses. Não faço a mínima ideia do que poderá estar naqueles canos, e a não ser que um enorme boi me tenha entrado pela casa adentro e tenha mergulhado na sanita, não me parece normal.

Recorri aos supermercados. Encontrei um funcionário e perguntei-lhe, um bocadinho a medo, se tinham algum produto para desentupir canos. E eis que ele me leva ao corredor dos produtos de limpeza de casa de banho e me apresenta a um mundo novo!

Há desentupidores de canos de todos os tamanhos e feitios: em gel, líquido ou granulado, embalagens pequenas, médias e familiares. O que me deixou algo inquieta! Haverá assim tanta gente a utilizar mal a sanita? Anos e anos de experiência não são suficientes? Deveriam as sanitas vir com instruções como as Bimby? Como fazer o "poo" perfeito? "Baixe as calças, levante a tampa..."

E qual é o castigo por não sabermos usar o trono? Temos de comprar os produtos mais mortíferos que eu já vi na vida. O rótulo de um desentupidor de canos é capaz de matar um hipocondríaco de susto. A maneira mais segura de nos assegurarmos que não morremos de alguma forma no contacto com aqueles produtos é deixá-los na prateleira.

Mas lá corri eu perigo de vida e trouxe para casa um de cada. Muita variedade dá nisso.

Bem, não funcionou. Neste momento a minha sanita tem o cocktail mais explosivo do universo, até dá medo respirar naquela casa de banho, mas a água não desce.

Depois tentei os meios mecânicos. Há barras flexíveis de 5 metros para uma pessoa enfiar por ali adentro e girar. Mas isso também não ajudou.

Desisto! Vou chamar o canalizador para me desmontar o WC...

Só espero que a causa do entupimento não seja uma qualquer criatura subaquática ainda não catalogada e que não esteja a habitar os meus canos, toda contente da vida.

É que eu não posso ter mais animais em casa...