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Alguns de vocês já se terão apercebido que vivo com o meu namorado já há alguns anos.
Ainda não sentimos necessidade de casar. Não me parece que seja muito importante para nós. Para mim, que pude crescer livre das amarras da religião por decisão dos meus pais, o casamento não tem a mística que tem para as outras pessoas. Lamento. Se o chegarmos a fazer, seja mais cedo ou mais tarde, será mais para as outras pessoas do que para nós.
A minha família tem fortes raízes católicas. Feliz ou infelizmente, parte da minha família também tem a língua afiada.
Descobri há pouco tempo que uma das minhas queridas tias andava a espalhar, por quem quisesse ouvir, que eu me tinha "mancomunado" amantizado com um rapaz. Eu confesso, a palavra para mim tem mais conotações jurídicas. Já a tinha encontrado em alguns documentos em espanhol. Mas há uns 10 ou 20 anos, mancomunar tinha um significado completamente diferente. É uma maneira depreciativa de descrever uma relação em que alguém vive em comunhão com outra pessoa sem ser casado com essa pessoa, principalmente porque os sagrados laços do matrimónio eram os únicos capazes de avalizar uma relação. Em linguagem empresarial, que hoje deu-me para isto, com casamento era uma associação, sem casamento era um cartel.
Ou seja, à sua maneira retrógrada e mesquinha, a minha tia andou a tentar arrastar pela lama (que é uma expressão que também é bonita) o meu bom nome.
Claro que para isso ter algum tipo de efeito, eu teria de "give a shit", não é? Teria de ficar ofendida em vez de gargalhar, que foi o que fiz. Esta gente não faz a menor ideia, mas este tipo de coisas até me faz sentir orgulhosa. Espelha bem a diferença que há entre nós. Alivia-me saber que eu poderia ter acabado assim e isso não aconteceu.
E por isso tenho que agradecer aos meus pais. Eles decidiram não forçar-me a fazer catequese. E a minha mãe tinha sido catequista! Mas descobriu que o Padre da aldeia andava a contar os segredos da confissão a quem os quisesse ouvir. Então decidiu perguntar-se se eu queria frequentar a catequese, aos Domingos de manhã.
Não foi difícil de responder. Afinal, aos Domingos de manhã eu podia ver na RTP os meus desenhos animados preferidos. A minha vida teria sido muito diferente sem o Dartacão, de certeza!
Ter estado ligada durante tantos anos às Ciências ajudou a afastar-me definitivamente da Religião. Afinal de contas, era suposto termos medo de um ser invisível que de vez em quando se aborrece, não tem mais que fazer, e nos atira com pragas? Fogo, o gajo é um sádico do caraças, digo-vos já! E a nós, que estamos no topo da cadeia alimentar! Medo de um ser invisível... Isso é para meninos!
Para vos pintar um quadro completo sobre a minha família, excluindo o núcleo duro, não chega este espaço, teria de multiplicar posts como estes durante semanas ou meses.
Somos completamente diferentes. Há alguns membros que, apesar dessa diferença, me merecem carinho, respeito e consideração. Há outros de quem só consigo sentir pena. Deve ser difícil pertencer à parte da espécie que não vai evoluir para a próxima geração. Pronto, tem de ser, senão ainda nos cruzaríamos com Australopitecos nos centros comerciais. Não havia de ser bonito.
Tia, sim é verdade, estou mancomunada amantizada com uma pessoa! E estou a adorar!
Adenda: O NWanda fez iluminar o meu cérebro atrofiado! Não é mancomunada, é amantizada! Sou tão troll! Como é que eu meti na cabeça que era mancomunada? Sabe-se lá! Sou eu... Mas é amantizada! Tem um impacto muito mais interessante, não tem? lol
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