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É inacreditável como funcionam as estradas deste país! Sempre que chove toda a gente leva o carrinho para a rua, entopem as estradas, despistam-se porque não adequam a velocidade ao estado do piso, provocam ainda mais filas, transformam a estrada num inferno.
Com nevoeiro é parecido mas não há grande incremento de carros na estrada. Mas quando o nevoeiro é combinado com uma sexta-feira, é a receita para o desastre.
No mísero caminho de 15 minutos que fiz de casa ao trabalho, vi dois acidentes. Um na IC2 que estava misteriosamente coberta de terra e outro já nas imediações do Parque das Nações, onde uma senhora andou a jogar flippers com o carro e os postes de iluminação.
Na A2, na zona de Algés, um acidente provocado pelo nevoeiro envolveu quatro carros e poucos minutos depois de ter ocorrido já provocava 4 quilómetros de fila, devido à necessidade de fechar a via.
Ah, quase a chegar ao trabalho, ia levando com uma libelinha descontrolada em cima, porque, lá está, este pessoal não é ensinado a fazer rotundas.
Andamos há anos a dizer que as pessoas deviam sair das escolas de condução mais bem preparadas, mais bem ensinadas mas acho que estamos a ver mal a coisa. Na verdade, com a excepção das rotundas, que me parece uma questão mesmo premente, os instrutores de condução deviam ensinar as pessoas a pensar. E a relacionar conceitos simples: chuva - devagar ; nevoeiro - devagar ; gajas de Mercedes - run!
Num mundo ideal devia haver um scanner que nos passavam no cérebro quando nos dirigissemos a uma escola de condução para tirar a carta e que resultasse em um de dois veredictos: apto e estúpido. E pronto, os estúpidos estavam condenados aos transportes públicos e aos taxistas para o resto da vida!
Porque, sejamos realistas, esta merda não é para todos! Se fosse como nos carrinhos de choque ainda passava, mas como não é...
É por coisas como a que vi hoje que nós, as mulheres, estamos sempre a ouvir bocas desagradáveis no trânsito. É por coisas como a que vi hoje que a frase "Ah, é mulher", dita com profundo desdém, é uma das mais proferidas nas estradas de Portugal.
Circulava eu em Lisboa, já depois das onze, a caminho de casa, quando cedo a passagem a uma rapariga num Mercedes Classe A. A estrada era estreitinha, ou melhor tornava-se estreitinha, com filas de carros estacionados de ambos os lados, pelo que tive de esperar quando ela decide estacionar, de marcha atrás , num dos poucos lugares visíveis. A manobra começou de forma estranha. Pensei: "Vamos ficar aqui a noite toda...", porque ela virou o volante cedo demais e tal. Mas ficou ainda mais estranha quando ela faz a manobra a uma velocidade estonteante.
Quando isto acontece, normalmente só há dois tipos de condutor atrás do volante: o ás, que sabe o que está a fazer, que é um bocado convencido e tem a mania que é estiloso mas raramente provoca estragos ou a humilhada, alguém que já ouviu muitas das tais bocas e tenta mostrar que não é nada assim, que até consegue fazer o mesmo que os ases, que nasceu ao volante do automóvel.
Quando o condutor é do segundo tipo, as coisas não costumam correr muito bem.
Ainda eu estava a pensar qual das duas seria ela, quando ela se espeta a toda a velocidade no carro de trás! Juro que até me doeu a alma! A mulher esqueceu-se que tinha travões, só pode. Porque aquele embate ressoou na rua toda, fez balançar fortemente o carro de trás e trouxe pessoas à janela.
Agora, que ela se tivesse armado em campeã é ofensivo mas não é o pior que ela fez. A seguir, desiste do lugar, endireita o carro e segue. E eu e o meu gajo ficamos a olhar um para o outro, com cara de parvos, com tamanho desplante.
Então, recapitulemos: ela faz aquilo a um Classe A novo, deve ter partido todos os apoios do pára-choques do carro de trás, tem pelo menos umas seis testemunhas do ocorrido atrás dela (entretanto chegou mais 1 carro e uma ambulância) e vai-se embora?
É capaz de ser a cena mais latosa a que eu já assisti! Lá está, eu não posso defender as senhoras dos impropérios de que são alvo no trânsito depois de ver uma coisa destas!
E digo-vos mais, se o carro fosse meu, acho que a tinha perseguido rua abaixo até ela espetar com os cornos num qualquer poste que aparecesse!
Anda uma pessoa a trabalhar para comprar os carritos a crédito, carritos que nos enchem de orgulho, símbolos da nossa capacidade produtiva, para vir uma puta qualquer de Mercedes dar cabo do nosso bólide e ainda por cima fugir?
Já vi muita coisa que me irritou mas esta entrou numa categoria só dela!
Hoje quando cheguei à faculdade, tive especial dificuldade em arranjar lugar para o carro. Quatro da tarde e não havia um buraquinho em lado nenhum.
Normalmente, não deixo o carro estacionado fora dos lugares para o efeito porque os senhores polícias de trânsito de vez em quando (duas ou três vezes por semestre) lembram-se que a Cidade Universitária (CU) é local de estudantes avessos a pagar parque para assistir às aulas. Quer dizer, o sacrifício já é suficientemente grande para ainda termos de pagar por isso.
Hoje, estava mesmo tentada a deixar o carro onde quer que fosse. Já estava na hora e eu já tinha dado umas cinco voltas à CU. Entrei numa daquelas ruas mais calmas, por trás da faculdade e começo a ver imensos lugares. Pensei: Weeeee! E depois, vi-os! Três uniformes escondidos no meio dos carros. Continuei, lentamente, e os senhores sorriam-me! Achei estranho e fui dar mais uma volta. Quando passei por lá logo a seguir, já se tinham ido embora. Então abrandei para ver o estrago. Estavam uns cinquenta carros naquela ruazinha. Todos eles tinham um presente no vidro.
Tendo em conta que, nas proximidades, há umas cinco ruas onde o pessoal estaciona indevidamente e que duas delas são avenidas, já percebo porque é que os senhores estavam a sorrir. Deve ter sido uma tarde muito produtiva!
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