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A Euribor já anda, feita doida, a subir outra vez.
Há cinco sessões consecutivas que a teimosa da taxa sobe.
Ontem li que se prevê que o preço do barril do petróleo volte a atingir os valores recorde do ano passado, lá para meados de 2012, devido à recuperação da economia mundial e consequente aumento da procura, combinados com a redução da produção.
Isto não está bom para a classe média, é o que vos digo.
E o pior é que as únicas soluções, como tudo isto se passa à escala planetária, é desistir dos bens, comprar uma quinta e sobreviver do que a terra dá, ou mudar de... planeta...
Em Vale de Figueira, a cerca de dez minutos de Lisboa, a bomba de gasolina da Avia tem o gasóleo a 1,419 cêntimos por litro. No entanto, aplica, no acto de pagamento e ao abrigo de uma campanha, um desconto de 6 cêntimos por litro, o que perfaz o valor de 1,359. Para quem vive nas proximidades, vale a pena!
Assistir ao debate quinzenal da Assembleia da República é sempre uma experiência enriquecedora. Nem que seja para nos apercebermos que Sócrates aprendeu uma palavra nova. Perdi a conta à quantidade de vezes que o nosso PM disse "demagogia" ou derivados dela. Populismo e Calvinismo também constam do reportório de repetições de Sócrates.
Mas o que o poderá ter irritado a este ponto?
Houve alguém que teve a ideia de sugerir que, já que 60% do que pagamos pelos combustíveis é imposto, o governo até podia reduzir o imposto sobre os combustíveis enquanto não se resolve a situação de outra maneira. E sabem o que isto é? Segundo o nosso PM é demagógico.
Pois...
Acho que vou passar a atestar o depósito de demagogia. Pode ser que aumente o rendimento do meu pópó...
Adenda: E para coroar este dia, a partir da meia-noite, o gasóleo e a gasolina aumentam outra vez na Galp e na BP... Se isto não é gozar connosco, não sei o que será!
CARTEL, CARTEL, CARTEL.
Depois da subida de três cêntimos por litro, o preço do gasóleo ultrapassou hoje a barreira do euro e trinta. Desde a liberalização do preço dos combustíveis, temos assistido a aumentos graduais que muitos dizem não se coadunar com o a subida da matéria-prima.
Depois do Reino Unido e dos Estados Unidos terem começado a racionar o arroz, já se fala de um racionamento a nível mundial. Os chamados bens essenciais atingem valores impraticáveis para muitas famílias, com ênfase no leite e pão.
Se a primeira situação , ainda que motivada por factores externos, é um problema nosso (em Espanha, o preço por litro de gasóleo está a 1.19 euros), a segunda já não é algo que possamos controlar tão bem a nível interno. A pseudo-crise dos Estados Unidos está a aproximar-nos lenta e inexoravelmente de uma crise mundial.
José Sócrates reage a este facto dizendo que a oposição não quer que Portugal cresça e abandone a crise, que pinta o quadro bem mais negro do que ele é.
A meu ver, avizinham-se tempos difíceis, com o alargamento do fosso entre pobres e ricos. E com o apagamento daquilo que conhecemos como a classe média.
Os indicadores estão por todo o lado. Nenhum deles é risonho.
Estoua a chegar ao fim do mês e não sei se hei-de encostar o carro às boxes durante os próximos trinta dias. Voltar aos transportes públicos, pelo menos enquanto não arranjo trabalho.
Tenho que admitir: estou com receio. Não prevejo nada de bom. Preocupa-me principalmente que, com a conjectura actual, já nem valha a pena sair do país. Convenhamos, o nível de vida do português médio em Portugal afunda-se a olhos vivos. O sobreendividamento é uma questão quase banal. Mas se as coisas evoluírem no sentido da tal crise global, se os americanos forem ao ar e levarem quase toda a gente com eles, não vejo para onde possamos fugir...
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