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Há coisas que deixam qualquer pessoa doida. Há outras em que ninguém acredita, de tão imbecis que são. E há ainda coisas que nos fazem questionar regimes, governos e instituições. Esta cabe em qualquer das categorias acima descritas:
Há uns tempos, começou a circular na faculdade (e não só na minha, em todas as faculdades da Universidade de Lisboa) o rumor de que todo o capital que os alunos recebiam sob forma de bolsa de estudo, teria de ser devolvido, em prestações, após o fim do curso. Ou seja, quando começamos a trabalhar, a ganhar o nosso dinheiro e a ponderar coisas tão banais como comprar um carrito ou um T0 num sítio qualquer, não podemos porque já estamos endividados com outra entidade: o estado.
Eu já nem ponho em causa o pagamento ou não de propinas e a questão de supostamente o ensino ser um direito fundamental consagrado na Carta de Direitos do Homem... Tínhamos as casas de banho numa desgraça e graças ao dinheiro das propinas, agora já não tenho de aguentar o dia inteiro sem ir à casa de banho. Ou seja, a faculdade tornou-se um pouco menos repulsiva a esse nível. O que eles fazem com os subsídios anuais do estado, eu não sei e nem sequer vou por aí. Agora, atribuir uma bolsa de estudo porque o aluno é carenciado e depois pedir-lhe de volta, quando entra no mercado laboral é hipotecar os inícios de vida de milhares de jovens! Biltres!
Mas isto passou e nunca mais ninguém falou nisso. Eis se não quando, hoje vejo no Correio da Manhã, a notícia de que mais de 800 alunos do ensino superior estão a usufruir do "novo sistema de empréstimos" do estado para pagar propinas. Ainda por cima os senhores apresentam este facto como sendo uma coisa fantástica pois "Os alunos que peçam este empréstimo beneficiam de uma taxa de juro mínima e sem depender de avales ou garantias patrimoniais."
Ou seja, os pobres coitados que não têm o ensino superior pago pelos pais, têm de pedir empréstimo para pagar as propinas de um curso que muitas vezes nem sequer lhes garante colocação na área, ou em casos mais graves, em qualquer área que seja e a propaganda do estado diz-nos que é fantástico porque têm juros baixos...
Eu já ouvi falar de uma coisa assim, com este tipo de publicidade enganosa: acho que se chamava Estado Novo...
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